domingo, 20 de setembro de 2009

Vista Geral



1 comentário:

  1. ‘Remorso, comigo mesmo, Portugal...’
    Ilusão madrasta, que me mata,
    condição que me morres meu lugar.
    Aproximaste de mim a irreal cadeira,
    a que me acomodasse.
    Diluíste, monotonizaste o rigoroso fervor.
    Era fado tropeçar nesse remorso,
    teu corpo irmão jactado ali à vala.
    No deserto tóxico, ante a infestação do desastre,
    clareava, teimosamente, a fina tonalidade
    da quase mediterrânica feiticeira luz.
    Umas mil e uma vezes me inebriei desse quê,
    outras tantas vezes tombarei ébrio,
    até renascer da poalha cremada, que sou,
    na aurora emigrar, pairar, desaparecer.
    -
    Quando chegará a tua festa fraternal,
    aurora que te ergas gingando, moça louca?
    Quando, em teus legítimos ritmos,
    celebrarás teu perdão com lágrimas e alegria?
    A humanidade te abrace, pátria irmã.
    Do escuro que ’inda dura aconteça alcançar-se-te
    o sonho demasiadamente adiado.
    Ao calor dum novo sol te rebrilhe no esplendor a negra tez;
    na festa t’envolvas; no pó, a veraz luz, à clara paz ascendas;
    reencontres-te e exultes, Angola Longínqua Alma.
    -
    Cada pedra sobre cada pedra:
    Será que surgiu novo Ceausescu,
    escudado em razões com vil cifrão,
    mais cinzenta, esperta, sinistra camarilha?
    Clowns, clonados, sem rosto, calculando a nota verde,
    qual dentre eles se lembrou, ou todos à uma se lembraram,
    mãos empapadas no pastoso dinheiro,
    de mandar prà cidade que desconhecem com a ideia ferocíssima
    de arrasar o nosso Estádio do Bonfim?
    Mas pergunto:
    Quereis então demolir a aérea varanda?
    Não serão vossos cálculos ao haver a pura infâmia,
    ante a limpidez amanhecida verde relva?
    Acuso-vos; e convoco jornais, emissoras, Tv.:
    Apontem os desalmados e os seus tenebrosos planos.
    Esmaguem armações, estruturas, e bancadas;
    que não alcatifam os sorrisos às crianças,
    nem aos jovens atletas, ou aos anónimos adeptos,
    tão pouco o nimbado sol vivo nos olhos abertos das gentes,
    esplendor que converte.
    Ainda te contemplo, qual ponte abalançando emoções,
    alçando-se a estrelas, catedral da rua, sustentado equilíbrio.
    Queiramos nós, homens povo, e esses tais senhores não passarão!
    -
    Por ver um documentário sobre o Dalai Lama,
    os derrubes de 33 mil templos budistas,
    atrocidades sem fim contra o povo tibetano,
    acabou por afossar-se p’lo edredão abaixo,
    engolido um ponderado cibo de um Nozinã/25.

    ResponderEliminar