‘Remorso, comigo mesmo, Portugal...’ Ilusão madrasta, que me mata, condição que me morres meu lugar. Aproximaste de mim a irreal cadeira, a que me acomodasse. Diluíste, monotonizaste o rigoroso fervor. Era fado tropeçar nesse remorso, teu corpo irmão jactado ali à vala. No deserto tóxico, ante a infestação do desastre, clareava, teimosamente, a fina tonalidade da quase mediterrânica feiticeira luz. Umas mil e uma vezes me inebriei desse quê, outras tantas vezes tombarei ébrio, até renascer da poalha cremada, que sou, na aurora emigrar, pairar, desaparecer. - Quando chegará a tua festa fraternal, aurora que te ergas gingando, moça louca? Quando, em teus legítimos ritmos, celebrarás teu perdão com lágrimas e alegria? A humanidade te abrace, pátria irmã. Do escuro que ’inda dura aconteça alcançar-se-te o sonho demasiadamente adiado. Ao calor dum novo sol te rebrilhe no esplendor a negra tez; na festa t’envolvas; no pó, a veraz luz, à clara paz ascendas; reencontres-te e exultes, Angola Longínqua Alma. - Cada pedra sobre cada pedra: Será que surgiu novo Ceausescu, escudado em razões com vil cifrão, mais cinzenta, esperta, sinistra camarilha? Clowns, clonados, sem rosto, calculando a nota verde, qual dentre eles se lembrou, ou todos à uma se lembraram, mãos empapadas no pastoso dinheiro, de mandar prà cidade que desconhecem com a ideia ferocíssima de arrasar o nosso Estádio do Bonfim? Mas pergunto: Quereis então demolir a aérea varanda? Não serão vossos cálculos ao haver a pura infâmia, ante a limpidez amanhecida verde relva? Acuso-vos; e convoco jornais, emissoras, Tv.: Apontem os desalmados e os seus tenebrosos planos. Esmaguem armações, estruturas, e bancadas; que não alcatifam os sorrisos às crianças, nem aos jovens atletas, ou aos anónimos adeptos, tão pouco o nimbado sol vivo nos olhos abertos das gentes, esplendor que converte. Ainda te contemplo, qual ponte abalançando emoções, alçando-se a estrelas, catedral da rua, sustentado equilíbrio. Queiramos nós, homens povo, e esses tais senhores não passarão! - Por ver um documentário sobre o Dalai Lama, os derrubes de 33 mil templos budistas, atrocidades sem fim contra o povo tibetano, acabou por afossar-se p’lo edredão abaixo, engolido um ponderado cibo de um Nozinã/25.
‘Remorso, comigo mesmo, Portugal...’
ResponderEliminarIlusão madrasta, que me mata,
condição que me morres meu lugar.
Aproximaste de mim a irreal cadeira,
a que me acomodasse.
Diluíste, monotonizaste o rigoroso fervor.
Era fado tropeçar nesse remorso,
teu corpo irmão jactado ali à vala.
No deserto tóxico, ante a infestação do desastre,
clareava, teimosamente, a fina tonalidade
da quase mediterrânica feiticeira luz.
Umas mil e uma vezes me inebriei desse quê,
outras tantas vezes tombarei ébrio,
até renascer da poalha cremada, que sou,
na aurora emigrar, pairar, desaparecer.
-
Quando chegará a tua festa fraternal,
aurora que te ergas gingando, moça louca?
Quando, em teus legítimos ritmos,
celebrarás teu perdão com lágrimas e alegria?
A humanidade te abrace, pátria irmã.
Do escuro que ’inda dura aconteça alcançar-se-te
o sonho demasiadamente adiado.
Ao calor dum novo sol te rebrilhe no esplendor a negra tez;
na festa t’envolvas; no pó, a veraz luz, à clara paz ascendas;
reencontres-te e exultes, Angola Longínqua Alma.
-
Cada pedra sobre cada pedra:
Será que surgiu novo Ceausescu,
escudado em razões com vil cifrão,
mais cinzenta, esperta, sinistra camarilha?
Clowns, clonados, sem rosto, calculando a nota verde,
qual dentre eles se lembrou, ou todos à uma se lembraram,
mãos empapadas no pastoso dinheiro,
de mandar prà cidade que desconhecem com a ideia ferocíssima
de arrasar o nosso Estádio do Bonfim?
Mas pergunto:
Quereis então demolir a aérea varanda?
Não serão vossos cálculos ao haver a pura infâmia,
ante a limpidez amanhecida verde relva?
Acuso-vos; e convoco jornais, emissoras, Tv.:
Apontem os desalmados e os seus tenebrosos planos.
Esmaguem armações, estruturas, e bancadas;
que não alcatifam os sorrisos às crianças,
nem aos jovens atletas, ou aos anónimos adeptos,
tão pouco o nimbado sol vivo nos olhos abertos das gentes,
esplendor que converte.
Ainda te contemplo, qual ponte abalançando emoções,
alçando-se a estrelas, catedral da rua, sustentado equilíbrio.
Queiramos nós, homens povo, e esses tais senhores não passarão!
-
Por ver um documentário sobre o Dalai Lama,
os derrubes de 33 mil templos budistas,
atrocidades sem fim contra o povo tibetano,
acabou por afossar-se p’lo edredão abaixo,
engolido um ponderado cibo de um Nozinã/25.