domingo, 20 de setembro de 2009

PORMENORES























4 comentários:

  1. Cantos de Intervenção:
    Pragmático afã
    em pôr uns quantos na linha,
    cow boys dão em escalavrar caos
    de recente balcânico conflito.
    Quando travam gatilho,
    e ouvem coração?
    -
    O miolo do pão:
    Bem se afadigam lavradores a sol escaldante
    lançando na rasgada terra mínimas sementes.
    Bem se dão incansáveis ceifeiras,
    com golpes certos, à seara.
    Malha-se na eira,
    destrinçando na palha loiras espigas
    e nas loiras espigas precioso grão.
    Mós remoem o que será terna farinha.
    Afanam-se aclarando a noite empoados padeiros:
    Amassadas, a forno levam fornadas e fornadas.
    Inquietam-se motoristas, e ajudantes:
    Em carrinhas brancas trazem bênção à alta antemanhã.
    Cuidam comerciantes em abrir portas
    pra darem a dinheiro desejado pão.
    Cristãos rezamos aO Pai para o pão quotidiano nos prover,
    porém no planeta da fome produz-se armamento e falta o bem pedido.
    Homem com boa vontade, olha para o pão.
    Quando o partires, julgues tu embora que ninguém ouve, diz obrigado.
    Talvez por sorte um coração magoado multiplique por mil o cereal grão
    até aos irmãos desesperados,
    recôndita alegria.
    -
    Zeca:
    Na tarde lenta recostavas-te pelos bancos corridos da CGD à Luísa Tody
    esperando que caísse na tua magra conta alguma pensão ou tença
    das usualmente concedidas a Famintos de Paz.
    Ar acossado d’anónimo kosovar a quem são dadas roupas lavadas,
    sabonetes, pasta de dentes, toalhas, alguns desodorizantes,
    ousaras soltar teu grito desperto de clarim:
    ‘Um rio de sangue do peito aberto sai!’
    Pague-se-te já agora a paga certa:
    Se, no fim, caíste, faça-se-te no talhão em que não cabes
    reflorir das flores vermelhas da madrugada os frescos cravos,
    pra que para sempre viceje da canção que és a chã certeza.
    -
    Vou
    cada vez mais perto
    do fim
    sem professores
    e sem mim.
    -
    ‘Feliz gente: Com duas realidades.
    E eu sem ter nenhuma…’
    Então, Zé, em que ficamos?
    Na sequência dos dias.
    O caso é simples:
    Estamos cá,
    mas não somos de cá.
    Onde vamos?
    Não sabemos.
    A que viemos?
    A entendermo-nos por palavras.
    O que conta?
    A inteira verdade.
    De que escreveste, concluo:
    Nem terra,
    porque perdidos em grande entroncamento.
    Nem céu,
    porque olhos não temos até à tenuidade.
    -
    ‘Viver estranho e isolado
    num mundo que se pretendia
    habitado e harmonioso
    é viver suicidado,
    viver morto vivo,
    num mundo de nado-mortos…’
    Se os jornais não dizem o Reino de Deus:
    Na China das prisões
    que ninguém sabe,
    nos lugares sem policiamento,
    no cansaço de quantos
    não querem armas,
    e suam, sim, seu pão
    parco sem palavras,
    no ignorado nidificar do amor,
    no indetível pulo até à Face Clara,
    nUm Insólito Circo Universal.
    -
    Vítor Baptista:
    Foste mesmo o maior na voragem:
    O coveiro te olhou sublime, autêntico, camarada;
    sob cinzenta farda, nó cego na gravata,
    ao padre-nosso murmurado do cura,
    te reconheceu, no íntimo, como és, seu e meu irmão;
    lançou-te então boa pazada.
    Tiveste uma vez a tua mãe.
    Quando vinda manhã, por Sesimbra do sol,
    o Jaguar estacionavas, junto ao bar,
    pra beberes, co’a malta, os derradeiros copos.
    Vitória Futebol Clube,
    Lisboa e Benfica,
    Desportivo Estrelas do Faralhão,
    concitou-se maralha, feliz sociedade.
    Jornais vomitaram teu nome em caixa alta,
    com a verdadeira foto, em primeira página,
    quando atiras duro para golo.
    Achavas já o adereço d’orelha.
    Olha, olha, louco varrido, quanto baste polido,
    p’lo Bonfim galgas, Apolo montado um cavalo,
    enquanto clareia além.
    -

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  2. Onde por lapso lê

    «montado um cavalo,»

    passará a le:
    «montado num cavalo,

    enquanto clareia além.»

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  3. ...passará a ler:
    «montado num cavalo,

    enquanto clareia alaém.»

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  4. ...passa a ler
    «montado num cavalo,
    enquanto clareia além.»

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